Ribociclibe oferece uma “mudança de paradigma” no câncer de mama avançado

Após um acompanhamento mediano de 15,3 meses, o ribociclibe foi associado a uma melhoria significativa da sobrevida livre de progressão, com uma razão de risco (hazard ratio) de 0,556 (p = 3,29 x 10-6). Isto correspondeu a uma sobrevida livre de progressão mediana de 14,7 meses no grupo placebo, enquanto esta mediana não foi atingida no braço ribociclibe.

Entre as pacientes com doença mensurável no início do estudo, a taxa de resposta global foi de 52,7% em relação a 37,1% com o ribociclibe com placebo (p <0,001). A taxa de benefício clínico foi de 80% e 72%, respectivamente (p = 0,02).

Os eventos adversos grau 3/4 mais comumente relatados por pelo menos 5% das pacientes nos grupos ribociclibe e placebo, respectivamente, foram neutropenia (59% em relação a 1%), leucopenia (21% em relação a 1%), hipertensão (10% em relação a 11%), e alanina aminotransferase elevada (9% em relação a 1%). As taxas de interrupção devido a eventos adversos foram de 7,5% e 2,1%, respectivamente.

Um divisor de águas?

Discutindo os resultados após a apresentação, o Dr. Stephen Johnston, Professor de Medicina e Câncer de Mama no Royal Marsden Hospital NHS Foundation Trust, em Londres, Reino Unido, lembrou o público que a terapia endócrina é a terapia de primeira linha neste grupo de pacientes, que atinge uma sobrevida livre de progressão mediana de 10 a 13 meses.

Ele acrescentou, no entanto, que a razão para o uso dos inibidores CDK 4/6 é “forte” e houve um “rápido desenvolvimento” em termos de ensaios clínicos – atualmente há três ensaios clínicos com palbociclibe (PALOMA 1-3) e um estudo fase 3 com abemaciclibe (MONARCH-2) (Lilly). Os dados publicados até agora sobre estas drogas indicam que, diferentemente da terapia endócrina, o benefício terapêutico é observado mais precocemente e em todos os grupos de pacientes.

Voltando aos dados do MONALEESA-2, ele disse que o ribociclibe também atingiu uma “separação muito impressionante das curvas” no início do tratamento, resultando em uma “melhoria muito significativa na eficácia e no benefício”.

O Dr. Johnston acrescentou que a toxicidade “é boa” e o “benefício foi observado em todos os subgrupos, assim como no estudo PALOMA-2, para o palbociclibe”. Diante destes dados, ele se questionou se isso significa que a inibição da CDK 4/6 é um divisor de águas no tratamento do câncer de mama avançado. “Provavelmente sim”, disse ele.

A próxima questão é se os clínicos devem usar o próprio “senso clínico” para determinar quais pacientes devem receber terapia endócrina ou se a terapia-alvo combinada deve estar disponível a todas. Ele acrescentou que o acesso “será um problema, então ainda pode haver um papel para terapia endócrina, e ela pode ainda funcionar após um inibidor de CDK 4/6”. “Ainda assim, de uma maneira geral, as terapias com inibidores da CDK 4/6 terão um grande impacto na prática clínica”, disse ele.

O estudo foi financiado pela Novartis. O Dr. Hortobagyi recebeu verbas e taxas pessoais durante a condução do estudo da Novartis e taxas pessoais fora do trabalho apresentado de Eli Lilly e Pfizer. Alguns coautores eram funcionários da Lilly. As declarações dos coautores estão listadas no artigo.

Congresso de 2016 da European Society for Medical Oncology (ESMO). Resumo LBA1_PR. Apresentado em 8 de outubro de 2016. Fonte: Portal Medscape