Relatada a primeira transmissão sexual de zika de uma mulher para um homem

A prefeitura de Nova York anunciou no dia 15 de julho, a detecção do primeiro caso de transmissão do vírus Zika de uma mulher para um homem por via sexual na cidade. O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) está reescrevendo as recomendações sobre como lidar com esta ameaça de saúde pública.

Até o momento, todos os casos relatados de zika sexualmente transmitida envolveram um homem disseminando o vírus para parceiros do sexo feminino ou masculino.

De acordo com um artigo publicado no Morbidity and Mortality Weekly Report do CDC, oficiais municipais identificaram uma mulher jovem, não grávida, na segunda década de vida, que teve intercurso vaginal sem preservativo com um parceiro masculino no dia (dia zero) em que retornou de um país com casos da doença. Ela começou a apresentar sintomas de zika, incluindo febre, fadiga, exantema maculopapular e edema das extremidades, bem como menstruação mais volumosa que o habitual no dia 1.

No dia 3, ela consultou seu clínico geral, que coletou urina e amostras de sangue. Um laboratório municipal detectou o RNA do vírus Zika no sangue e urina usando a reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa em tempo real (rRT-PCR). O exame de sangue para um anticorpo contra o Zika em um laboratório do departamento de saúde do Estado de Nova York foi negativo.

O parceiro masculino desta paciente apresentou sintomas de zika no sexto dia e também procurou atendimento médico. A rRT-PCR realizada no laboratório municipal detectou o vírus Zika na urina, mas não no sangue. Assim como ocorreu com sua parceira, o laboratório estadual não detectou anticorpos séricos.

O CDC confirmou todos os resultados de rRT-PCR para amostras de urina e sangue do casal, de acordo com o artigo no periódico do CDC, escrito por funcionários do departamento de saúde da cidade de Nova York .

Entrevistas com o homem aparentemente excluíram outras possíveis causas da sua infecção. Ele disse que não viajou para fora dos Estados Unidos nos últimos 12 meses, nem foi picado por mosquito – o modo de transmissão predominante do vírus Zika – na semana anterior ao início dos sintomas. Ele também disse que não havia tido relação sexual com outra pessoa recentemente e que a relação sexual com a paciente não incluiu intercurso oral ou anal.

O artigo afirmou que o vírus Zika nos fluidos vaginais ou no sangue menstrual da paciente pode ter se disseminado para o homem durante a exposição à mucosa uretral ou a abrasões não detectadas no pênis. Os autores destacam pesquisa prévia que encontrou o vírus Zika no trato genital feminino e em particular no fluido vaginal.

Mais pesquisa são necessárias, eles afirmam, para determinar como o vírus Zika se dissemina no trato genital e nos fluidos genitais, bem como o risco de uma mulher transmitir o vírus para um parceiro sexual.

Precauções aumentadas para parceiras de mulheres grávidas

Em um comunicado à imprensa, o CDC atualizou algumas das recomendações para prevenção do vírus Zika por via sexual. A agência reiterou as recomendações anteriores de que todas as grávidas usem métodos de barreira durante o sexo ou se abstenham de sexo caso tenham um parceiro que viajou para uma área com transmissão ativa do Zika, ou que viva lá. Diante do caso de Nova York, no entanto, o CDC está agora aplicando essas recomendações para parceiras sexuais do sexo feminino de mulheres grávidas, mesmo que nenhum caso de transmissão do Zika entre mulheres tenha sido relatado.

O CDC informou que está atualizando as recomendações para casais sexualmente ativos que não estão grávidos, ou que estão pensando em gravidez, e pessoas que “querem reduzir o risco pessoal de infecção por Zika por via sexual”.

O vírus Zika pode causar malformações graves, mais notadamente microcefalia, caracterizada por um tamanho anormalmente pequeno da cabeça e possivelmente alterações graves do desenvolvimento. Até hoje, o CDC já identificou nove bebês com malformações e seis perdas gestacionais com malformações nos Estados Unidos nas quais há evidência laboratorial de uma possível infecção por Zika.

Fonte: Robert Lowes – Medscape Educação Médica (MMWR Morb Mortal Wkly Rep)