Que tal trocar o fast-food por uma pequena horta em casa?

O Ministério da Saúde alerta que os brasileiros têm sofrido com doenças crônicas – que são aquelas adquiridas muitas vezes por maus hábitos. Muitas dessas complicações, como hipertensão, doenças do coração e alguns tipos de câncer são decorrentes dá má alimentação. Essas patologias, que antes eram mais comuns em pessoas idosas, agora acometem também os jovens e até as crianças. O Brasil está obeso – 23% da população – porque os brasileiros têm trocado a alimentação com base em alimentos in natura por comida processada, industrial. A Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2013, mostra que esse hábito tem começado cedo. Ao todo, 60,8% das crianças menores de dois anos comem bolachas recheadas com frequência. No Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde, a população encontra diretrizes e orientações sobre a importância da nutrição: como e o que devemos consumir.

A Coordenação de Alimentação de Nutrição do Ministério da Saúde entende que, no cotidiano cada vez mais corrido, é mais fácil se alimentar de produtos prontos, industrializados, ultraprocessados. Entretanto, esse caminho mais fácil pode ter resultados irreversíveis para a saúde. “Isso é o nosso grande desafio: convencer a população a preferir os alimentos naturais e a buscá-los no seu dia-a-dia.”, destacou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.

Uma das opções para comer bem, consumir alimentos frescos e saudáveis é produzir o próprio alimento em hortas, que podem ser feitas em casa ou em apartamentos, no espaço que tiver. É o que fez a técnica em Meio Ambiente, Cláudia Lins. Ela morava com a mãe que tem um quintal grande e repleto de frutas, verduras e ervas, quando se mudou para um apartamento sentiu falta de ter alguns desses alimentos na hora das refeições. Foi quando Claudia decidiu cultivar na varanda do apartamento algumas hortaliças. “A gente nunca vai conseguir suprir a nossa alimentação com o que a gente planta. Mas pelo menos a gente privilegia o orgânico. A proposta é você saber de onde vem a comida, saber dos benefícios dela”. Em pequenos vasos, a técnica cultiva plantas como lavanda, manjericão, alecrim e hortelã. Tudo vira tempero, chá ou incenso para perfumar a casa.

Produzir o próprio alimento é adequado?

De acordo com o Guia Alimentar, a iniciativa da Claudia Lins, por mais que ela produza apenas algumas hortaliças, é bastante positiva, porque “a alimentação adequada e saudável deriva de sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável”. A coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Michele Lessa, reforça: “quando escolhemos frutas, verduras, arroz, feijão, coisas tradicionais da alimentação brasileira, nós estamos valorizando a cultura alimentar, valorizando a agricultura diversificada, a familiar, e com isso produzindo sistemas alimentares mais saudáveis”. Consumir esse tipo de alimento produzido em casa ou por pequenos produtores é garantia de estar longe dos agrotóxicos, pesticidas e outros insumos que fazem mal à saúde. Fora a contribuição positiva para o meio ambiente.

A nutricionista e consultora na promoção de hortas urbanas e domésticas, Paula Gabriela Chianca, já trabalhou com hortas construídas em escolas, onde todas as disciplinas eram envolvidas: o professor de matemática ensinando sobre como calcular a área, o de geografia explicando sobre os tipos de alimentos de cada região. “Era gratificante ver as crianças comendo os alimentos que elas mesmas produziram. É um trabalho de formiguinha, mas que dá bons frutos. Eu brinco que é o verdadeiro fast-food. Colheu, comeu”, destaca.

 

Comer bem pra viver melhor

Comer alimentos in natura ou minimamente processados combate a desnutrição, a deficiência de micronutrientes e evita o sobrepeso e a obesidade – problemas a serem enfrentados pelo Brasil. Os alimentos in natura são aqueles obtidos diretamente de plantas ou de animais e não sofrem qualquer alteração depois de deixar a natureza. É por isso que comer aquilo que se planta em casa é garantia de saúde. Tanto a Cláudia Lins quanto a consultora Patrícia Gabriela comprovam a ideia de que a alimentação saudável é mais fácil do que se imagina e que cultivar legumes, verduras e frutas em pequenos espaços é uma opção até para quem mora na cidade grande. Basta ter a terra e a semente. E gente que come bem fica longe de doenças, esbanjando saúde.

Fonte: Blog da Saúde – Ministério da Saúde