Médicos seguem enxergando méritos na dosagem do PSA

Embora cerca de dois quintos de todos os médicos (42%) em uma sondagem recente do Portal Medscape tenham considerado que a dosagem do antígeno prostático específico (Prostate Specific Antigen  – PSA) é usada em demasia, a grande maioria (90%) disse que os benefícios do exame sempre, com frequência, ou às vezes, superam os riscos, e muitos costumam recomendar como diagnóstico inicial para seus pacientes do sexo masculino.

Os resultados da sondagem refletem o campo minado em que se transformou o exame de PSA na esteira da recomendação de 2012 da US Preventive Services Task Force contra o exame. A instituição deu classificação “D” à dosagem do PSA. Dois estudos publicados posteriormente no periódico JAMA em 2015, um deles usando dados do programa de Vigilância, Epidemiologia e Resultados Finais e o outro usando os dados do National Health Interview Survey, mostraram que o rastreamento do câncer de próstata usando o exame de PSA tinha diminuído no ano seguinte à recomendação da USPSTF. Na época, os autores disseram que não estava claro se a redução do rastreamento havia contribuído para a perda de mais casos de neoplasia ou para o aumento da mortalidade.

Um estudo mais recente, publicado no periódico JAMA Surgery em novembro de 2016, culpou a USPSTF pela diminuição significativa das biópsias de próstata e prostatectomias radicais desde 2012. A USPSTF está atualmente revisando as diretrizes de rastreamento pelo PSA e emitiu um plano de pesquisa final em maio de 2016.

Adotado o teste inicial

A sondagem do Medscape mostrou que, apesar da controvérsia, os médicos seguem recomendando a dosagem inicial do PSA para os pacientes do sexo masculino. Quando perguntados quantas vezes recomendam a dosagem inicial, 26% dos 680 que responderam à sondagem disseram “sempre”, enquanto 61% disseram que “frequentemente” ou “às vezes” usam o teste inicial. Apenas um pequeno percentual de médicos disse que “raramente” ou “nunca” recomendava uma dosagem inicial do PSA.

“Somente acompanhando as alterações a partir dos valores iniciais conhecidos, sem a interferência de hiperplasia benigna da próstata, etc., podemos ajudar nossos pacientes a tomarem decisões esclarecidas sobre o próprio tratamento, inclusive a conduta expectante, a vigilância ativa, ou a medicação definitiva, disse a Dra. Jan Sheringham, especialista em medicina de família, em comentários sobre a pesquisa. “Sim, primum non nocere (não causar mal) é nossa palavra de ordem, mas acredito que podemos realmente prejudicar o paciente ao não fazer este exame de forma adequada e de acordo com nosso conhecimento atual”, escreveu ela.

Os especialistas em medicina interna e em medicina de família que participaram da sondagem pareceram um pouco menos entusiasmados do que os urologistas sobre o exame de PSA, mas ainda assim disseram usar o método diagnóstico. Ligeiramente mais urologistas afirmaram que os benefícios do exame “sempre” superam os riscos (14%, em comparação com 9% dos especialistas em medicina interna e 11% dos médicos de família). Entre os urologistas, 41% disseram que os benefícios do exame “frequentemente” superam os riscos, em comparação com 26% dos especialistas em medicina interna e 30% dos médicos de família.

Cerca de um terço (30%) dos urologistas disse que “sempre” recomenda o PSA inicial, em comparação a 21% dos especialistas em medicina interna e 21% dos médicos de família. Os colegas da oncologia/hematologia responderam de forma semelhante, com 21% dizendo que sempre solicitam o exame inicial e mais da metade (59%) afirmando que só “às vezes” recomenda.

“O rastreamento do câncer de próstata pelo PSA e pelo toque retal é bastante inócuo e compreende apenas um exame de sangue e um exame físico rápido”, disse o Dr. James Benton, oncologista, ao comentar a sondagem.

O Dr. Benton disse que o rastreamento não é o problema. “O que se faz com as informações obtidas é a grande questão”, disse ele. “Os burocratas da medicina não devem ser os árbitros das decisões sobre se exames devem ou não ser feitos”, afirmou o Dr. Benton, acrescentando: “Um homem, junto com seus familiares e seu médico, deve ter o livre direito de saber se tem câncer e tomar uma decisão esclarecida sobre a forma como vai proceder em relação às diversas opções de tratamento, desde a vigilância ativa, até a radioterapia e a cirurgia”.

O generalista Dr. Chris Blair disse que talvez seja apenas uma questão de tempo até que se encontre o equilíbrio adequado em termos da indicação da dosagem do PSA. “Há não muito tempo, o aumento dos níveis do PSA costumava levar à remoção cirúrgica da próstata por cirurgiões entusiasmados”, escreveu ele. “Agora, a conduta expectante e a vigilância, associadas a outros métodos diagnósticos sofisticados, fazem parte da discussão”, disse o Dr. Blair. “O pêndulo oscila de um extremo ao outro e tenho esperança de que aprendamos, e o mundo se torne um lugar melhor”.

 Fonte: Portal Medscape