CDC atualiza diretrizes temporárias sobre sorologia para vírus Zika e sua interpretação

Por causa da dificuldade em diferenciar pela sorologia a infecção pelo vírus Zika e a infecção por outros flavivírus, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos revisou as suas recomendações preliminares sobre o momento de realização da dosagem da imunoglobulina M (IgM) e os valores do teste de neutralização por redução de placas (Plaque Reduction Neutralization Test – PRNT). As novas diretrizes, que ampliam as  recomendações publicadas pelo CDC em meados de abril, foram elaboradas para reduzir a possibilidade de diagnóstico falso-negativo nos casos de infecção pelo vírus da Zika e/ou da dengue.

Atualmente o PRNT é usado para confirmar o diagnóstico de zika nos pacientes com suspeita da infecção e resultado negativo do teste de reação em cadeia da polimerase da transcrição reversa em tempo real (Real-Time Reverse Transcription-Polymerase Chain Reaction – rRT-PCR).  No entanto, a reatividade cruzada existente entre o Zika e outros flavivírus “pode impossibilitar a identificação específica do vírus infectante, especialmente quando a pessoa já tem história de infecção ou vacina contra outros flavivírus, como o vírus da dengue”, explica a médica epidemiologista Dra. Ingrid B. Rabe do CDC, junto com seus colaboradores,  em um documento de orientação provisória publicado online em 31 de maio no Morbidity and Mortality Weekly Report. “Isto é importante, porque são os resultados das sorologias para os vírus Zika e dengue que irão orientar a conduta médica”.

Pesquisas recentes sugerem que os títulos quatro vezes maiores do PRNT, usados convencionalmente, podem não diferenciar os anticorpos anti-Zika da reação cruzada nas pessoas que já tenham sido infectadas ou vacinadas contra outro flavivírus. Por isso, estas diretrizes revisadas recomendam a progressão da sorologia e da interpretação dos seus resultados para os pacientes com suspeita de infecção e resultado negativo por rRT-PCR, e IgM para Zika ou dengue positivo ou indeterminado:

  • O resultado do PRNT com títulos maiores que 10 deve ser interpretado como positivo para infecção pelo flavivírus específico quando o resultado do PRNT dos outros flavivírus testados for inferior a 10.
  • O resultado do PRNT com títulos menores que 10 para determinado flavivírus deve ser interpretado como negativo para infecção por este vírus.
  • Se o resultado do PRNT for positivo (ou seja, igual ou maior que 10) para vários flavivírus, isto será interpretado como positivo para infecção recente por flavivírus.

No caso dos pacientes para os quais a sorologia não puder determinar o flavivírus responsável pela infecção mais recente, sua relação epidemiológica com um caso de dengue ou Zika com comprovação laboratorial, juntamente com dados epidemiológicos sobre os vírus sabidamente circulantes na região da exposição, bem como as características clínicas das infecções, “podem ser considerados na determinação do vírus com maior probabilidade de ser o responsável pela infecção”, escrevem os autores. “Se os resultados das sorologias forem inconclusivos, ou houver evidências de infecção recente pelo vírus da dengue ou pelo vírus Zika, os pacientes devem ser tratados para ambas as infecções, porque eles podem ter sido infectados por qualquer um desses vírus”.

O CDC vai continuar atualizando suas diretrizes à medida que novos dados sobre a rRT-PCR se tornem disponíveis, observam os autores.

Fonte: Medscape. 24 de junho de 2016. Morb Mortal Wkly Rep. Published online May 31, 2016. Texto completo