Antibiótico pode ajudar a evitar que Zika danifique o cérebro fetal

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Francisco (UCSF) identificaram as células do tecido cerebral fetal que são alvo do vírus Zika, relatando que o mesmo infecta preferencialmente células cerebrais com abundância de uma proteína chamada AXL – capaz de atravessar a membrana celular externa com vários tipos de células, servindo como um portão de entrada para o vírus invasor. Determinaram também que a azitromicina, antibiótico comum considerado de uso seguro durante a gravidez, pode bloquear esta infecção em células cerebrais cultivadas em laboratório.

As células do cérebro fetal que incorporam esta proteína incluíram células estaminais neurais e células progenitoras que formam eventualmente outros tipos de células cerebrais, desempenhando um papel especialmente importante no crescimento e no desenvolvimento do cérebro em estágio fetal. Outras células com a proteína AXL incluíram micróglia, células imunes do cérebro, e astrócitos, um tipo de célula cerebral totalmente desenvolvida e especializada que suporta os neurônios na condução dos sinais neurais. Neurônios com falta da AXL não foram facilmente infectados.

Os pesquisadores examinaram 2.177 remédios aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para verificar sua capacidade de bloquear a infecção por Zika nas células cerebrais cultivadas no laboratório. Identificaram alguns, entre eles a azitromicina.

As descobertas, publicadas online no Journal Proceedings of the National Academy of Sciences dos EUA, foram lideradas por Joseph DeRisi, líder do Departamento de Bioquímica e Biofísica da UCSF, e Arnold Kriegstein, diretor do Centro de Regeneração e Medicina Eli, e Edythe Broade pesquisador celular na UCSF. No artigo, concluíram que a caracterização da infecção no cérebro humano em desenvolvimento esclarece a patogênese da infecção congênita ZIKV (pelo vírus Zika) e fornece uma base para pesquisar possíveis estratégias terapêuticas para evitar com segurança as consequências mais graves da epidemia.

O vírus Zika é transmitido principalmente pelo mosquito tropical Aedes aegypti. Estima-se que entre 1 e 13% das mulheres infectadas durante a etapa inicial da gravidez pelo vírus têm bebês com microcefalia – condição definida por uma cabeça menor e danos cerebrais. Atualmente, não há tratamento para evitar que o vírus Zika prejudique o feto, e o mecanismo biológico que explica como a microcefalia surge a partir da infecção ainda não está claro.

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